Lidando com o bullying numa perspectiva cristã

Por Cintya Machado

Definindo o Bullying


Bullying significa uma ação intencional eletrônica, escrita, verbal ou física, ou uma série de atos, dirigidos a outra pessoa ou pessoas, repetidamente, por um período de tempo que seja severo, persistente e dominante, e que envolva os seguintes efeitos:

1. Ameaça física;
2. Danificar, extorquir ou tomar a propriedade pessoal da pessoa;
3. Colocar o outro num estado de medo contra alguma ameaça física;
4. Criar um ambiente intimidador ou hostil que interfira substancialmente nas oportunidades educacionais de um aluno ou aluna.

Ou seja, o ato de bullying é uma forma de agredir ou ameaçar agredir, e com isso provocar um medo tal no aluno ou aluna que ele/ela se veja completamente sem alternativa para agir de acordo com a própria vontade, por medo de retaliação. É o ato de dominar a mente do outro pelo medo.

Acontece que esse tipo de comportamento não é novidade. Em todas as épocas, sempre há alguém na escola que sofre algum tipo de preconceito, de vergonha, de agressão física, verbal, emocional. O problema é que parece que na época em que vivemos, as pessoas se tornaram mais conscientes de seus direitos e deveres (algumas vezes até exageradamente), e ao mesmo tempo, por uma série de razões, os agressores estão se tornando cada vez mais cruéis. E isso tem causado cenas de violência impensadas: alunas esfaqueando outras alunas, meninos estuprando meninas, adolescentes espancando crianças. Parece que a crueldade não tem limites.

Por que as pessoas praticam o bullying?

As pessoas que gostam de intimidar as outras normalmente são originárias de lares com um nível de disciplina física muito forte, alto e até sem limites. Eles trazem consigo ressentimentos e mágoas do que acontece em seus lares ou contextos, e dominar os que são vistos como mais fracos que eles mesmos os faz se sentirem mais poderosos.

Por isso, é importante lembrar que a maioria deles não machuca os outros somente pelo prazer de machucar, mas porque em geral querem satisfazer suas próprias vontades. Como passam muita pressão em casa, como sofrem sem ter capacidade de agir de maneira diferente, eles precisam de um meio de mostrar que ainda são capazes de cuidarem de suas próprias necessidades. Como são vítimas em outras arenas, usam a escola como o local de demonstrar seu poder por meio de táticas que manipulam pelo medo e pela brutalidade desenfreada. A pessoa que intimida as outras é, em geral, alguém que tem falta de autoestima.

Ela não apresenta a capacidade de ter empatia com os outros, e está mais preocupada com seus próprios interesses e necessidades. A maior parte do tempo acredita que não está fazendo nada de errado, e justifica seus atos colocando a culpa nos outros: “Foi ele que começou”, “Ela me desafiou”, “Eles fizeram…”, etc.

Ela vê a pessoa mais fraca como a “presa” e colocam sobre elas suas próprias dificuldades e traumas. Além disso, por terem baixa autoestima, adoram audiência e atrair a atenção. Isso a torna importante.

Quem são as vítimas?
Qualquer pessoa pode ser vítima desse tipo de atitude. Contudo, normalmente, isso ocorre contra aqueles que são diferentes de alguma maneira – mais novo, mais jovem, mais tímido, alguém de uma raça ou cultura diferente, que parece ser diferente, ou que tenha algum aspecto físico que se destaca, ou portador de alguma necessidade física ou mental.

Por que as vítimas não falam o que está acontecendo?
Provavelmente porque ficam envergonhadas de serem intimidadas daquela forma, ou por medo de retaliação. Por causa do medo que sentem, elas acham que ninguém vai ser capaz de fazer alguma coisa, e que não devem entregar ninguém. Muitas vezes, não possuem capacidade de tomar decisões por si mesmas, e se manter firmes a elas.

Lidando com o agressor
Frequentemente, as pessoas descontam seus ressentimentos em outras pessoas. Contudo, normalmente, a pessoa está frustrada por alguma outra coisa, e nós nos estamos como alvo mais perto. Lutar de volta, ou devolver a agressão, não é a melhor solução. Quando estava passando por dificuldades, por problemas, sendo perseguido por Saul, de uma maneira parecida que acontece quando alguém mais forte intimida alguém mais fraco, a Bíblia diz que ele “recebeu forças do Senhor” (I Samuel 30:6, Bíblia Viva).

No entanto, é importante destacar que mesmo que não respondamos a bullying jogando uma pedra na cabeça dos agressores, devemos lembrar que nossa força não é de nós mesmos, mas está em Deus que nos ama. Isso pode dar confiança para continuar, mesmo que nossa força seja pouca.

Quanto à resposta cristã de virar a outra face, é preciso pontuar algo quando as vítimas são as crianças. Os pais cristãos não podem simplesmente enviar seus filhos de volta ao olho do furacão armados apenas com a ideia de que precisam continuar aceitando aquele tipo de tratamento, em detrimento de seu bem estar.

As crianças precisam ser encorajadas a encontrar um ponto onde estejam seguras antes de pensar em como reagir ao agressor. No caso do bullying, esse princípio de virar a outra face pode ser aplicado por meio de encontrar uma resposta na qual o amor de Deus possa libertar a pessoa que é agressiva a uma nova realidade.


Um caminho seguro para lidar com alguém que comete bullying, depois de ter alcançado uma posição de segurança, é orar pelo agressor, pedindo para Deus perdoá-lo, e também para Deus ajudar seu filho, ou você, a perdoar também. Depois, procurar amar o agressor – dar uma resposta branda quando enfrenta a fúria é sempre uma maneira de causar mudança na vida da pessoa. Mas, e isso é o mais importante, os filhos não devem procurar estar sempre perto do agressor, antes de haver demonstração de alguma mudança. Isso não é seguro. Mas, o ponto mais importante é depositar confiança na promessa de Deus de que cuidaria de você. Por isso, pode ter certeza de que nunca está sozinho, mesmo se não tiver ninguém ao redor. Deus estará sempre ao lado.

O que os pais e/ou responsáveis devem fazer:
Esteja atento e preste atenção aos comportamentos de seu filho. Leve a sério as reclamações sobre bullying. Isso é um problema sério, e as vítimas desse tipo de tratamento devem ter a segurança garantida.
Aja para resolver o problema. Aja imediata e apropriadamente para proteger a vítima. Quanto mais tempo continuar o bullying, mais perigoso ele se torna.
Entre em contato com os professores da criança, os administradores e diretos da escola. Contate-os para que tomem providências apropriadas para parar o processo de ofensas e agressões com a criança, e a protejam. Se não for suficiente, retire por algum tempo a criança da escola, e tome atitudes mais drásticas.
Ir a Deus quando sofremos agressão da parte de uma pessoa violenta nos dá entendimento, paciência e, acima de tudo, coragem. A melhor resposta nesses momentos é fazer uma rápida oração.

Lembre-se que não podemos controlar as pessoas difíceis, nem podemos mudá-las. Mas, com a ajuda de Deus, podemos entendê-las melhor e encontrar uma maneira de lidar com elas.
Sei que ainda há muito o que falar sobre o tema. Se alguém em sua família ou conhecidos está passando por essa dificuldade, procure informações. Há muitas disponíveis por aí. Esse texto foi apenas para pontuar algumas coisas que considero importante na hora de lidar com o bullying, sob uma perspectiva cristã.

Quero terminar com um verso bíblico que mostra como Paulo lidou com isso: “Na primeira vez em que fiz a minha defesa diante das autoridades, ninguém ficou comigo; todos me abandonaram. Espero que Deus não ponha isso na conta deles! Mas o Senhor ficou comigo, me deu força para que eu pudesse anunciar a mensagem completa a todos os não-judeus e me livrou de ser condenado à morte. O Senhor me livrará de todo mal e me levará em segurança para o seu Reino celestial. A ele seja dada a glória para todo o sempre! Amém!” (2 Timóteo 4:16).

Que Deus abençoe sua família!
Osmar Reis Junior- Psicólogo do CEAFA




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