Por Cintya Machado
Tanto no aspecto fisiológico quanto no psicológico, a lágrima é expressão saudável do humano
Para a universitária Bárbara Nogueira, 21 anos, não existe local nem momento ideal para colocar aquele choro ´preso na garganta´ para fora. Pode ser ao assistir um filme, num encontro de família, durante uma alegria, tristeza, vergonha, nervosismo, medo ou, até mesmo, raiva. ´Todos os sentimentos para mim têm choro. Não sei se tem explicação, acho que sou mais sensível do que o normal. As pessoas dizem que choro por tudo, mas, na verdade, só choro pelo que é mais importante. O problema é que quase tudo para mim é muito importante´, justifica a estudante, em meio a risos.
A realidade de Bárbara é semelhante à do jornalista e professor universitário Ronaldo Salgado, 53 anos. Segundo ele, ´demonstrações de amizade, de carinho, exemplos de pessoas que venceram desafios, adversidades, gestos simples, saudade, lembranças de quem já partiu, filmes, músicas´ são motivos suficientes para deixar as lágrimas virem à tona. ´Chorar é da condição natural do ser humano. Não é voluntário. Chorar só faz bem, desabafa, deixa mais leve. Com o choro, aprendemos a nos reconhecer como humanos´, identifica Ronaldo.
O ideal mesmo é deixar as lágrimas fluírem livremente, como se permitem Bárbara e Ronaldo. Essas simples gotinhas, de acordo com a psicóloga e psicopedagoga Heliane Pessoa, possuem grande importância para o desenvolvimento psicológico, no sentido de serem a primeira forma de comunicação com o mundo. ´É uma maneira de chamar atenção e até garantir a sobrevivência, visto que de outra forma não seria possível apreender e compreender as necessidades do bebê´.
Já na fase adulta, conforme Heliane Pessoa, que também é psicóloga da Medicina Preventiva da Unimed Fortaleza, o choro funciona como uma forma de descarga de tensão decorrente do acúmulo de sentimentos e emoções. No entanto, a especialista alerta que a manifestação é uma forma de ´expressão primitiva e precisa ser percebida em seu significado para não bloquear a demonstração dos sentimentos, em sua forma mais madura, verbalizando e socializando sentimentos nos relacionamentos interpessoais´.
Essa motivação emocional carregada de significado, como explica o oftalmologista David Lucena, presidente da Sociedade de Oftalmologia do Ceará, é que determinará a quantidade de lágrimas produzidas. ´A quantidade está relacionada com o estado emocional alterado como o medo, tristeza, depressão, alegria exagerada, raiva, aflição etc´.
Segundo o médico, no choro, a parte do cérebro responsável pelos sentimentos, associa um estímulo emotivo com aqueles que já temos guardados, gerando uma resposta, podendo ser o choro.
Ainda conforme David Lucena, fisiologicamente falando, haverá liberação de noradrenalina e serotonina (substâncias relacionada à emoção), causando contração da glândula lacrimal, liberando a lágrima, que parte sofrerá evaporação, parte será drenada pelos canais lacrimais e, em seguida, ingeridas. Independente da idade ou, ainda, da motivação, o importante é também lembrar que as lágrimas possuem funções no organismo.
Tanto que, o oftalmologista acrescenta que elas apresentam o papel de ´proteger os olhos de certas infecções, limpar as impurezas da córnea e conjuntiva, preservar a quantidade e qualidade das lágrimas produzidas, dando conforto no piscar´. Por isso, nada de ter vergonha ou esconder o choro! ´Reconhecer momentos de fragilidade ou que fracassou não significa que é o fim, e sim só o começo ou um recomeço´, aconselha a psicóloga Heliane Pessoa.
Fonte: http://www.paizzao.com/page83.php
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